Janeiro Branco – A Psicologia Positiva é a chave da saúde mental

Janeiro Branco e a Saúde Mental: Como a Psicologia Positiva e Mindfulness podem ajudar.

Se eu te perguntar, amigo leitor, sobre o que você pode fazer para ter mais saúde física, quantas opções você consegue pensar?

Eu mesma, devido a um olhar treinado, claro, posso te apontar várias delas: alimentação balanceada, prática de atividades físicas, regulação do sono. É claro que todas essas opções tb vão influenciar na saúde mental, mas seria o suficiente para alcançá-la no sentido de promovê-la? Em outras palavras, quais especificidades fazem parte da saúde mental?

Para tantas pessoas que fiz essa pergunta em palestras e treinamentos, há um vácuo na resposta. Alguns citam os hobbies como fundamentais para saúde mental, mas concluem que não é possível dizer que uma pessoa tem saúde mental por causa de um hobbie…

Há aqueles que citam a religião, mas, enquanto psicóloga, te asseguro que a religião fica noutro domínio e nem cabe nessa discussão – pode até ser que seja um fator muito relevante para várias pessoas, mas dizer que a religião é peça fundamental para saúde mental é atestar insanidade aos céticos e ateus, e sabemos que isso não é uma verdade generalizada.  Independente disso, a verdade é que parece que a maioria da população não sabe como promover, como cultivar saúde mental. E esta razão, por si só, é mais do que suficiente para atestarmos a importância do janeiro branco.

Janeiro branco é uma campanha de conscientização sobre a saúde mental e o bem estar. Uma campanha necessária, aliás, urgente (você pode saber tudo sobre essa campanha clicando aqui).  Mas, será possível falarmos de saúde mental ALÉM de falar sobre as doenças e transtornos mentais?

Não estou dizendo que já não é necessário falarmos sobre as doenças mentais. É sim, absurdamente necessário! Meu questionamento é: não seria, no mínimo, interessante dizermos às pessoas como não adoecer? Mais além do que isso, como cultivar saúde mental?

A Saúde Mental no Brasil

Em 2017, a Organização Mundial da Saúde lançou um relatório (que pode ser acessado no final deste artigo), indicando o Brasil como país de maior prevalência de transtornos de ansiedade entre todas as Américas, onde o problema chegou a afetar 9,3% da população, cerca de 18,6 milhões de pessoas. Já os transtornos de depressão foram relatados por 5,8% dos brasileiros, o equivalente a 11,5 milhões de pessoas.

Mas, esses dados são antigos e tudo indica que, com a pandemia, o problema de saúde mental no Brasil deve ter piorado muito. Uma pesquisa encomendada pela BBC aponta que 53% dos brasileiros indicaram uma piora no seu estado de saúde mental no último ano (você pode conferir o link no final do artigo).

Longe dos problemas de saúde serem exclusividade de adultos. As crianças também são alvo – inclusive no relatório que compartilhei com você, mostra que crianças a partir dos 5 anos cometem suicídio. Precisamos entender o que faz uma criança de 5 anos decidir se suicidar – inclusive esse é um trabalho do cientista israelense Alon Chen, que estuda há 30 anos como o estresse afeta o cérebro, tentando identificar quais pessoas têm mais propensão para desenvolver ansiedade e depressão.  Deixei este link também como referência, para você aprofundar seu conhecimento sobre o tema.

Psicologia Positiva e Saúde Mental: seria essa a solução para falarmos em Saúde Mental de verdade?

Este tema é tão profundo e complexo, que deveria ter um post só pra ele. Meu objetivo aqui é tentar sintetizar o máximo possível qual a ideia e, num outro momento, faço aprofundamentos mais técnico.

A começar por entender: o que é a Psicologia Positiva?

A Psicologia Positiva é um movimento (e não uma abordagem de psicologia, propriamente dita), que teve um “lançamento oficial” pelas mãos de Martin Seligman, então presidente da APA (American Psychological Association) no final da década de 80. A Psicologia, tal como conhecemos hoje, foi fundamentada num modelo médico e, portanto, em um modelo patogênico, voltado para a doença. A Psicologia Positiva surge como um movimento científico de investigação aos aspectos salutogênicos do ser humano. Segundo o Wikipédia, “salutogênese é um termo cunhado por Aaron Antonovsky para designar a busca das razões que levam alguém a estar saudável”.

Em essência, podemos dizer que a psicologia positiva é uma psicologia prática, para ser usada no dia a dia, que melhora os nossos índices de bem estar e, portanto, de saúde mental. Longe de ser balela de auto-ajuda, um dos princípios básicos da Psicologia Positiva é aproximar a ciência da prática, por isso, todos os conhecimentos enunciados são pautados em evidências científicas.

Um pouco (bem pouco) de história:

Quando a psicologia surgiu, ela tinha três missões: (1) curar as doenças mentais; (2) tornar a vida das pessoas mais produtiva e feliz; e (3) identificar e desenvolver talentos. Porém, com o advento do final da 2ª Guerra Mundial, apenas a primeira missão foi desenvolvida com sucesso. A Psicologia Positiva é, portanto, um resgate destas outras missões da psicologia, com um adendo importante para os nossos tempos: o respaldo da ciência.

A Psicologia tradicional, clássica, está bastante apta para falar sobre tratamento de doenças mentais e também sobre a prevenção das mesmas. Mas, quando se trata de entender sobre o que, de fato, promove a saúde mental, há um lacuna. Isso não é novo: na época que fazia faculdade, a disciplina de saúde mental tinha uma ementa baseada em doenças (vista de uma maneira menos aprofundada do que na disciplina de psicopatologia). Isso acontece por um único motivo: o modelo médico pelo qual se desenvolveu a psicologia.

Somente quando falamos em Psicologia Positiva podemos falar sobre desenvolvimento de saúde mental, bem estar e felicidade. Somente através da também conhecida, “Ciência da Felicidade”, é que podemos compreender o que faz a vida do ser humano valer a pena ser vivida. E pra isso não tem receita de bolo, pois somos todos diferentes: o princípio básico é mergulhar no autoconhecimento. Conhecer seus pontos fortes e fracos, será determinante para seu progresso, para o seu sucesso.

Inclusive, nos meus 16 anos de experiência como psicóloga, posso te assegurar uma coisa: adoecem todos aqueles que, por qualquer motivo que seja, deixam de se desenvolver. Não estou generalizando, apenas me referindo àquelas pessoas que são acometidas por desordens mentais “do nada”, sabe? Pois bem, nunca é do nada. Saúde mental é igual à desenvolvimento humano.

Ao alcance de todos

A Psicologia Positiva foi “feita” (digamos assim), para ser aplicada por toda e qualquer pessoa que deseje melhorar sua qualidade de vida e bem estar psicológico. Não sei porque no Brasil isso ainda não é tão amplamente difundido!

De qualquer maneira, a função do CPPMP neste ano de 2022 será revolucionar a sua saúde mental como um todo. Então, como medida de Janeiro Branco – que queremos que dure o ano inteiro – aguarde novidades surpreendentes por aqui.

Inclusive, caso você ainda não saiba, a prática de mindfulness é essencial para a psicologia positiva, acredita? Outra ciência, na verdade, uma ciência dentro de outra ciência, ambas com um único foco: desenvolver seu bem-estar.

Ações de Janeiro Branco nas Empresas

Janeiro Branco, tal como as campanhas outubro rosa e novembro azul, se trata de uma campanha para conscientização da promoção de saúde mental e bem-estar. É natural que este movimento precise também estar dentro das empresas e por isso fizemos este tópico.

Como aponta a OMS, saúde não é só a ausência de doença, mas também um completo estado de bem-estar físico, mental e social. Esta concepção nos coloca à frente da doença, quando finalmente podemos falar em promoção de saúde mental.

Ações que promovem saúde mental são bastante atraentes para grandes empresas, já que o afastamento por transtornos mentais e de comportamento são a terceira maior causa de afastamentos do trabalho, segundo dados da Secretaria de Previdência.

Conforme a Previdência Social, em 2017, episódios depressivos geraram 43,3 mil auxílios-doença, sendo a 10ª doença com mais afastamentos. Já doenças classificadas como outros transtornos ansiosos também estão entre as que mais afastaram, na 15ª posição, com 28,9 mil casos. O transtorno depressivo recorrente apareceu na 21ª posição, com 20,7 mil auxílios. Imagine só como virão os dados destes últimos anos de pandemia, onde nossa vulnerabilidade psicológica e emocional ficou ainda mais evidente.

Além disso, quando o assunto é saúde mental, os tratamentos são caros. Além do psiquiatra e da medicação psiquiátrica (ambos requerem gastos mensais/bimestrais), a psicoterapia também não é um serviço barato – a média é de R$210,00 por sessão, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia. Um gasto de R$840,00 mensal, para um salário mínimo de R$1.100,00, num país onde a média salarial foi de R$ 2.434, segundo o IBGE (segundo trimestre de 2021), não podemos negar que a psicoterapia, tal nos moldes como tem que ser, é sim um processo elitizado. Os números não mentem.

Se podemos falar em políticas públicas para saúde mental? Estamos tentando, é o que vejo, de verdade. Mas, estamos longe, muito longe, de fornecer algo relevante para a grande maioria das pessoas, além do sistema ter suas engrenagens bastante condicionadas.

Mas, vamos ao que interessa, que são as soluções. Que ações uma empresa pode emplementar no Janeiro Branco:

1. Palestras
As palestras de conscientização devem ir além de mostrar o problema, mas devem também apontar soluções que vão além de: “procure ajuda especializada”. Existem muitas coisas que as pessoas podem (e devem) aprender para manter sua saúde mental. É um conhecimento extremamente valoroso, mas que precisa ser aprendido de diversas formas, em resumo: as pessoas precisam ser convencidas de que tais táticas são eficientes. Um projeto de gamificação nessa área pode ter bastante sucesso.

2. Treinamentos maiores
Fomentar treinamentos para desenvolvimento psicoemocional de seus colaboradores pode ser de extrema valia. Evite os treinamentos de cunho “terapia em grupo”, que tendem mais a criar resistência do que qualquer outra coisa. Aposte em desenvolvimento mesmo, ensinando o “be-a-bá” do gerenciamento emocional.

3. Cuide do Clima Organizacional
O clima organizacional reflete diretamente na sensação de bem estar no ambiente de trabalho. É o que permite que as pessoas se sintam seguras – condição essencial para que se sintam estáveis. Quanto maior a estabilidade, melhor o clima, melhor a sinergia enfre chefia e equipe.

4. Crie campanhas internas
E que durem o ano todo, não só nos meses de janeiro branco e setembro amarelo. Fomentar a saúde mental pode e deve ser cultivado em vários formatos.

5. Invista em Programas de Mindfulness e em Psicologia Positiva
Com grande versatibilidade e alta comprovação científica, quando falamos sobre desenvolvimento psicológico e saúde mental, não podemos deixar de fora essas duas ciências.

Inclusive, o CPPMP é referência na criação de projetos sob medida para empresas, baseado em pesquisa de dados, com formulação de problemas de forma precisa, criando intervenções de grande impacto. Medidas de investimento como esta são muito mais atraentes financeiramente do que as medidas de intervenção, que ocorrem quando as pessoas ou a empresa já estão “doentes”, por assim dizer. Solicite um orçamento por email.

Referências e Links de leitura complementar

Para acessar os sites correspondentes, basta clicar nos links abaixo.

Relatório 2017 OMS.

Pesquisa sobre Saúde Mental encomendada pela BBC.

Precisamos entender o que faz uma criança de 7 anos querer se suicidar. 

Vídeo TED do Martin Seligman falando sobre a Psicologia Positiva. 

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